you float in my mind

JOSÉ LOURENÇO

A relação entre os ambientes construídos e as vastas paisagens que os envolvem é um tema recorrente nas obras mais recentes de José Lourenço.

Para a exposição you float in my mind, esta ligação é particularmente notória através de um corpo de trabalho que tem a linha do horizonte como fio condutor. Neste jogo que atrai o observador para as silhuetas geométricas da arquitectura, sempre em primeiro plano, o mar e o céu, aparentemente inalcançáveis, servem como ponto de fuga neste equilíbrio entre natural e artificial. A linha do horizonte, traçada sempre na mesma posição, é uma analogia à posição única dos Açores, um arquipélago onde o oceano é uma visão constante em todos os quadrantes, e os campos verdes servem de contraponto para nos recordarmos que estamos em terra firme.

Inspirado pelos arquitectos e designers modernistas do século XX, o artista representa ambientes domésticos, aparentemente despojados, mas incrivelmente humanos pelos pormenores que mostram a vivência quotidiana, como um livro aberto, uma jarra com flores ou um brinquedo abandonado a meio de uma actividade.

José Lourenço imortaliza momentos através das sombras vincadas e das texturas que permeiam as suas pinturas. Entre o sonho, representado com os ambientes naturais a perder de vista, e a hipotética realidade, materializada pela presença de objectos mundanos, o artista criou um habitat próprio, um abrigo onde se vive e encontra protecção.

Álvaro Tavares Ramos

Maio de 2024

Por vontade expressa do autor, este texto não segue as regras do Acordo Ortográfico de 1990, atualmente em vigor.